O lixo e a crise mundial
A geração descontrolada de lixo, ou resíduos sólidos de diversos tipos, tem sido responsável por uma crise ambiental em todo o planeta. Isso acontece devido aos padrões insustentáveis de produção e de consumo.
Mas estas ações não devem ser da responsabilidade isolada dos governos.
Além deles, empresas, sociedade, escolas, comunidades e especialmente nós, cidadãos, devemos nos conscientizar e começar a pensar em como contribuir Para um Mundo Melhor. Para isso, nada melhor do que a informação. Confira a seguir os diversos tipos de resíduos, suas características, como tempo de decomposição e como podemos lidar melhor com eles.
O petróleo e o aquecimento global
Hoje em dia, a produção industrial é dependente do petróleo. E o petróleo é um combustível fóssil não renovável. Por isso mesmo ele é responsável pela emissão de gases que provocam o aquecimento global e as mudanças do clima.
Mas o que isso tem a ver comigo?
Acontece que as sacolas de plástico que usamos, por exemplo, são feitas de petróleo.
Então, comece usando sacolas reaproveitáveis e colocando pequenas compras dentro de sua bolsa. Reduza a utilização de sacolas oferecidas nas farmácias e outros pontos comerciais. Assim, poupamos petróleo na mesma medida que diminuímos o descarte destas sacolinhas, contribuindo para a redução de resíduos.
Quanto tempo o lixo leva para se decompor
Se os resíduos que produzimos simplesmente desaparecessem em 24 horas, nossos problemas estavam resolvidos. Mas como isso não acontece, precisamos entender o tempo que cada material leva para se decompor nos aterros sanitários.
Alguns materiais levam muitos anos para se decompor. A seguir, confira o número de anos de decomposição de alguns deles:
Por que as sacolas plásticas demoram tanto para se decompor se eu vejo as minhas se esfarelarem?
Você deve ter reparado que algumas sacolas de supermercado não têm servido mais para estocar coisas por muito tempo. Se deixamos a sacolinha parada por alguns meses ou anos veremos que ela parece se esfarelar em pequenos fragmentos.
Conforme os pesquisadores do Centro de Aprendizagem de Ciências – Pokapū Akoranga Pūtaiao, da Nova Zelândia, isso acontece porque o tipo mais comum de sacola de compras de plástico – a dos supermercados, por exemplo – é feito de polietileno. O polietileno é um material artificial que os micro-organismos não reconhecem como alimento. Ou seja, as sacolas não se decompõem pela ação destes organismos.
Mas mesmo que as sacolas de polietileno não se biodegradem, elas se fotodegradam. Dessa forma, quando exposto à luz do sol, o polietileno torna-se quebradiço. Isso nos leva a crer que as sacolas plásticas acabarão se fragmentando em grânulos microscópicos. No entanto, os cientistas ainda não têm certeza de quantos séculos leva para que os plásticos se quebrem completamente e “desapareçam”.
É por isso que algumas pessoas dão uma estimativa de 500 anos, enquanto outras preferem uma expectativa de vida de mil anos. Em síntese, esses números são apenas outra maneira de dizer que levará muito, muito tempo para esse plástico sumir.
Resíduos orgânicos x biodegradáveis
Ao contrário do polietileno, todos os restos de comida são biodegradáveis. A biodegradação é a decomposição de materiais por micro-organismos. Assim, quando colocamos restos de frutas e vegetais em uma caixa de compostagem, reduzimos a quantidade de lixo que enviamos para os aterros.
Todavia, mesmo que os restos de comida sejam biodegradáveis eles não conseguem se decompor em aterros. Isso acontece porque a falta de oxigênio neste sistema impede que bactérias, fungos e vermes consigam agir.
Desta forma, muitos produtos que são biodegradáveis no solo – como aparas de árvores, resíduos de alimentos e papel – não se biodegradam quando os colocamos em aterros. Isso porque o ambiente do aterro artificial carece de luz, água e atividade bacteriana necessárias para o início do processo de decomposição.
Prova disso foi o resultado de um projeto realizado nos Estados Unidos. O Garbage Project é um estudo de resíduos realizado por um grupo da Universidade do Arizona. Durante esse estudo foram desenterrados cachorros-quentes, espigas de milho e uvas colocados há 25 anos atrás em um aterro. E, acredite, estavam todos ainda reconhecíveis. Também foram encontrados jornais de 1952 que ainda eram facilmente legíveis!
Portanto, adotar a compostagem em casa não contribui somente para o seu país, mas para todo o planeta. Confira nossa matéria e faça sua composteira caseira o quanto antes.
Dicas para contribuir com a natureza, com o mundo
Para diminuir a produção de lixo e tratá-lo da forma correta, comece a mudar seus hábitos, seu estilo de vida. Entre no movimento de preservar nosso planeta tomando as seguintes medidas:
– Consuma menos
– Consuma produtos de qualidade, ou seja, mais duráveis
– Conserte os eletroeletrônicos ao invés de comprar novos
– Dê preferência para produtos com embalagens econômicas e refis
– Evite cafeteiras que utilizem cápsulas
– Use pilhas recarregáveis
– Imprima somente quando necessário e utilize os dois lados do papel quando possível
– Separe o lixo
– Faça compostagem do lixo orgânico
– Não ponha no lixo, mas doe roupas, sapatos e aparelhos que não usa mais
– Prefira produtos fabricados com materiais reciclados
– Quando estiver na rua, procure uma lixeira; não jogue nada no chão
– Diminua o desperdício de alimentos
Se quiser ir além, apoie entidades que protegem a natureza. Procure por ONGs na sua comunidade ou, se puder, faça doações para organizações mundiais, como o Greenpeace, por exemplo. Se não puder doar, adquira algum produto das lojas destas organizações. Existem diversas formas de ajudarmos na proteção da natureza na Terra.
O desperdício dos alimentos
Esse último item das medidas citadas acima faz ainda mais sentido quando levamos em consideração os dados mundiais de perdas e desperdícios de alimentos. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO – aproximadamente 30% da produção mundial de alimentos é perdida no processo ou vai para o lixo no final da cadeia. E com eles vão também os recursos naturais e humanos envolvidos na produção.
Outros números revelam que cerca de 45% de todas as frutas, legumes, raízes e tubérculos são desperdiçados. E que uma área maior que o Canadá e a Índia juntos é usada para produzir alimentos que não são consumidos.
Assim, vemos que ainda precisamos melhorar muito nossa relação com os alimentos. Desde o momento em que cozinhamos até o final da refeição. Cuide ao descascar as frutas e legumes para evitar perdas. Ensine as crianças e lembre-se você também de comer tudo o que tiver servido no prato durante as refeições. Além de elegante, é o mais correto a se fazer. Aquela antiga prática do “se deixou no prato quer repetir” nunca se aplicou em nenhuma etiqueta na mesa. Portanto, esqueça se ouviu isso alguma vez.
Pense e ensine as novas gerações a respeito do tempo que cada vegetal levou para ser semeado, crescer, dar flores e frutos. Valorize também o trabalho dos agricultores em todo o mundo.
Respeite mais a vida que os animais nos dão e trate a sua carne com toda a dignidade que eles merecem. Que tal se colocar no lugar deles? Eles sentem tanto quanto você.
Os benefícios da coleta seletiva
Já vimos a importância de fazermos nossa composteira em casa. Mas, além disso, mantermos a separação do lixo doméstico para a coleta seletiva é essencial para protegermos o planeta da poluição e da extração de matéria-prima para produção industrial.
Confira nosso infográfico que demonstra o quanto nós e a Terra ganhamos ao reciclar nossos resíduos. Os dados são da WWF-Brasil:
Desta forma, além de auxiliar na geração de emprego e renda, reciclar o lixo contribui com a preservação do meio ambiente. Como diminui a quantidade de resíduos nos aterros sanitários, a reciclagem aumenta a vida útil destes e economiza recursos naturais.
Mas o que mais podemos fazer para ajudar a não aumentar os aterros ou o lixo espalhado pela cidade? Para isso, podemos consumir menos. Ou seja, de forma mais consciente. Compre menos, pense antes se aquele item é realmente necessário na sua vida. Outro exemplo: não aceite a minissacola da farmácia, que não será usada pra nada. Coloque o remédio na bolsa, sacola própria ou bolso. Só isso já economiza petróleo! Esqueça o “estou pagando por isso”. Pense no todo. Pense no planeta. Pense sempre no que fazer para um mundo melhor.
Foto destaque: Freepick