O lixo que produzimos vai parar na natureza
Hoje em dia temos 240 mil toneladas diárias de resíduos coletados nos municípios brasileiros. Grande parte desse lixo é enterrado em aterros. Ou, ainda pior, colocados em lixões a céu aberto.
Um exemplo do desperdício é o de plásticos no Brasil.
Uma pesquisa de 2019 do WWF – World Wide Fund for Nature – ou Fundo Mundial para a Natureza levantou que o Brasil é o quarto país do mundo que gera mais lixo plástico. Produzimos 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Desse total, 91% é recolhido. Entretanto, somente 1,28% são de fato reciclados. Neste quesito deixamos ainda mais a desejar, pois ficamos bem abaixo dos 9%, a média de reciclagem plástica mundial.
Um dos motivos para isso é porque, mesmo seguindo para usinas de reciclagem, existem perdas quando são separados os tipos de plásticos. Isso acontece por estarem contaminados, serem produzidos com adição de camadas de outros materiais ou serem de baixo valor. Desse modo, 7,7 milhões de toneladas de plástico acabam nos aterros sanitários. E mais 2,4 milhões de toneladas de plástico são simplesmente descartados em lixões a céu aberto. Mesmo que os lixões já estejam proibidos por lei no país.
As polêmicas campanhas contra os canudos plásticos foram uma pequena iniciativa para diminuirmos os impactos do plástico depositado na natureza. Mas podemos fazer muito mais do que isso!
A marca Nescau criou uma campanha contra o uso de canudos para incentivar a diminuição desse tipo de lixo no Brasil. Vídeo: canal Nescau no Youtube
A triste realidade dos catadores no Brasil
A grande maioria dos catadores, uma função pouco discutida no Brasil, ainda encontra-se na informalidade. De acordo com a pesquisa do Ipea realizada entre 2010 e 2013, 40,3% da categoria ainda trabalha sem vínculos empregatícios ou registros formais. Em seguida estão as associações com 31,3% e as cooperativas com 28,3%.
Foram analisados também 83 empreendimentos coletivos de reciclagem. E, conforme a pesquisa, com dados de 2006 a 2009 (dada a dificuldade de levantamentos sobre o setor), 60% das organizações, incluindo os catadores, têm baixa eficiência. O motivo são estruturas precárias de trabalho.
Portanto, não se trata somente das condições trabalhistas de uma categoria, mas de um movimento social. Em 2010 tínhamos 400 mil pessoas cuja atividade remunerada principal era a coleta de materiais recicláveis no Brasil. Ou seja, 400 mil famílias dependendo desse sustento e toda a população brasileira se beneficiando com a coleta de “lixo” desses trabalhadores.
Daí a importância da valorização e reconhecimento da função dos catadores. Isso reforça a necessidade de programas de conscientização da população e de apoio às associações e cooperativas de reciclagem de resíduos urbanos.
Alguns dados positivos sobre a reciclagem
De acordo com um estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) são geradas cerca de 160 mil toneladas diárias de resíduos sólidos urbanos no Brasil.
Confira a composição dos resíduos descartados no país:
* Resíduos inertes são materiais que não sofrem transformações em sua composição quando em contato com a água e se mantêm inalterados por muito tempo. Por exemplo: entulhos de obras, pedras, pedaços de madeira.
Entretanto, apenas 13% desses resíduos são encaminhados para a reciclagem.
Realmente, os números referentes à reciclagem de lixo no Brasil não são dos mais animadores. Por outro lado, mesmo nesse cenário de dificuldades enfrentadas pelas instituições e mesmo pelos próprios catadores, tivemos alguns avanços.
Confira nossos gráficos comparativos ilustrando os números levantados na pesquisa do Ipea a seguir:
Como separar o lixo doméstico para reciclagem
Para um mundo melhor, se você ainda não separa, está na hora de separar o que for “colocar no lixo”. Para isso, você precisa saber como fazer. Então, confira tudo a seguir.
Na verdade, não existe exatamente “lixo”. O que produzimos são “resíduos”. Mas não se espante se você vir a palavra lixo sendo utilizada em várias matérias aqui do blog. É que vulgarmente é mais conhecida. Fica mais fácil para a compreensão de todos.
Visto isso, tudo pode ser reaproveitado, exceto, por enquanto, alguns rejeitos. Essa será nossa realidade apenas até que surja alguma ideia nova para aproveitarmos estes também.
De qualquer forma, o que você joga na lixeira é destinado a algum outro lugar. Por isso é importante separar cada tipo de resíduo. E, para que você saiba como separar é necessário que conheça cada categoria.
De acordo com a WWF os resíduos são divididos em recicláveis, orgânicos, especiais e rejeitos.
Resíduos recicláveis
Os resíduos recicláveis são conhecidos também como “lixo seco”. Eles são aqueles feitos de papel, plástico, vidro ou metal, desde que sejam limpos e secos. Como exemplo temos embalagens, revistas, latas, sacolas, garradas, etc.
Ao descartar vidros quebrados, coloque-os em alguma garrafa fechada ou os embale em jornal para não ferir ninguém.
Se não houver coleta seletiva em sua cidade, separe mesmo assim. Existem milhares de catadores no Brasil. Também existem diversos pontos de entrega de lixo seco (além do especial) na internet. Basta uma pesquisa rápida para descobrir onde estão situados.
Resíduos orgânicos
São aqueles resíduos molhados. Ou seja, restos de alimentos, cascas, bagaços, guardanapos usados, etc. Seu destino, na maioria das vezes, são os aterros sanitários.
Mas a melhor alternativa para esse “lixo” orgânico é transformá-lo em adubo através da compostagem. Confira nessa matéria o passo-a-passo para fazer sua composteira caseira.
Resíduos especiais
Quando os resíduos não são recicláveis nem podem ser encaminhados para o lixo comum eles são categorizados como “especiais”.
Tratam-se de materiais que envolvem algum tipo de risco para quem os manuseia. Por exemplo: pilhas, baterias, lâmpadas, eletrônicos e medicamentos.
As pilhas, baterias e lâmpadas podem ser encaminhadas a pontos específicos para o descarte no seu município ou para grandes redes de supermercado que possuam local próprio para isso.
Os eletrônicos também têm destino certo em cada cidade.
Os medicamentos, vencidos ou com algum resto, agulhas, seringas e outros instrumentos médicos usados podem ser descartados em farmácias.
Rejeitos
O rejeito é tudo o que não se pode destinar apropriadamente. Só lhe resta ir para o aterro sanitário. São exemplos o papel higiênico, absorventes e fraldas usadas, papel engordurado, poeira, entre outros.
E o que o governo está fazendo a respeito dos resíduos, do “lixo”?
Sabemos que além de nós, cidadãos, tomarmos consciência de como lidarmos melhor com nosso lixo / resíduos, as empresas e o próprio governo ainda podem fazer mais pela reciclagem.
Nesse sentido o governo brasileiro criou o Programa Água Brasil. O programa visa apoiar a gestão dos resíduos sólidos nos municípios e a formação de trabalhadores da saúde, assistentes sociais, líderes comunitários e catadores de lixo. A estratégia é focar na educação socioambiental.
Uma das ações do Programa tem forte relação com o meio urbano. Com o objetivo de estimular a mudança de comportamento sobre a produção e destino dos resíduos sólidos, vulgarmente chamados de “lixo”, incentivar a reciclagem e a valorização dos catadores, o Programa escolheu algumas cidades do Brasil para a implementação da estratégia.
Ainda procurando informar para conscientizar, o Programa criou um vídeo que nos mostra o ciclo dos resíduos sólidos, ou do “lixo” que produzimos. Ele nos ensina como podemos reduzir nosso impacto ambiental através da coleta seletiva e valorizar o trabalho dos catadores de materiais recicláveis:
O vídeo do Água Brasil busca envolver a sociedade para a conscientização sobre o destino do lixo produzido por cada um de nós.
Tendo tudo isso em vista, o que você pode fazer para um mundo melhor? Informar-se e se engajar na correta separação do lixo. E, antes disso, aprender a consumir corretamente e em menor escala. Conte com este blog para isso!