Os contêineres mal cheirosos de lixo na capital do Rio Grande do Sul
Em todo o início das estações mais quentes do ano os cidadãos de Porto Alegre começam a lembrar das péssimas experiências olfativas (sem contar o visual) de passar por um contêiner da Coleta Automatizada de Resíduos Orgânicos. E isso acontece desde 2011, quando a prefeitura da capital gaúcha instalou os primeiros 1.200 contêineres.
A ideia inicial era que a população depositasse ali somente resíduos orgânicos. Lixo orgânico são restos de vegetais e comida, papel higiênico e fraldas descartáveis, guardanapo e toalhas de papel, restos de podas e varrição, pó de café e erva-mate e similares. Mas, para isso, o povo ainda parece precisar de aprendizado, pois vemos muito lixo reciclável, limpo, dentro e fora dos contêineres.
Este problema se intensifica quando os catadores separam o lixo que lhes interessa. Na realidade isso já deveria ter sido feito por quem deposita o lixo e não por eles. Acontece que, depois de selecionarem o que lhes interessa, os catadores acabam deixando toda a sujeira ao redor da caixa metálica. Dessa forma as calçadas ficam impróprias para a locomoção. Consequentemente, um atentado à saúde dos transeuntes.
Os problemas trazidos pelo lixo orgânico nos contêineres seguem até hoje
Há quase dez anos atrás, em abril de 2012, documentamos o lixo em torno de um dos contêineres de lixo no centro de Porto Alegre. Mesmo com a duplicação do número de contêineres em 2016 os problemas continuam os mesmos.
Não deu certo e parece ainda não estar funcionando de maneira efetiva.
Aliás, voltemos a 1912 quando moradores do Centro da cidade, há mais de cem anos atrás, reclamavam de uma caixa – para lixo orgânico – colocada perto do Mercado Público. O cheio era insuportável.
Ou seja, manter “depósitos” de lixo orgânico parece ser má ideia desde o início do século XX. E o que algumas prefeituras fazem? Reinauguram estes depósitos em pleno século XXI.
Além de tudo isso, ainda temos dificuldade de transitar nas calçadas devido aos contêineres gigantes em passagens estreitas para pedestres.
Dito isso, ao menos poderiam retirar os contêineres das calçadas mais estreitas, já que eles nos forçam a transitar pelo meio da rua para fugirmos do lixo. Temos certeza de que os cidadãos porto-alegrenses agradeceriam.
Sendo assim, acreditamos na necessidade de tomada de três medidas. A primeira seria a educação da população. Campanhas de conscientização poderiam ajudar. Primeiramente, outdoors. Num segundo momento, ou junto a isso, palestras em escolas públicas e privadas constantes. Tudo, principalmente, informando como separar o lixo residencial.
A segunda seria pensar em voltar atrás e usar os bons e velhos caminhões para a coleta do lixo orgânico substituindo os contêineres. Além de acabar com o mau cheiro, aumentariam as vagas de trabalho.
Ainda para isso, tentar resolver um grande problema social: os catadores independentes de lixo. A inclusão destes cidadãos no mercado de trabalho de reciclagem de lixo seria um grande avanço.
Ninguém está dizendo que são medidas fáceis de serem tomadas. Mas, para um mundo melhor, acabem com os contêineres de lixo, por favor.
Fontes:
www2.portoalegre.rs.gov.br/dmlu
Jornal Correio do Povo, “Há um século no Correio do Povo – Reclamação”, 31 de março de 2012, página 28.