Os tristes números da separação do lixo reciclável na capital do RS
Anteriormente, falamos sobre os incômodos causados pelos contêineres de lixo em Porto Alegre. Este mau cheiro e poluição poderiam ser diminuídos se a população pensasse melhor no descarte e solução para o seu lixo orgânico. Ou seja, os problemas vão muito além dos contêineres.
Por sua vez, o lixo reciclável, que deveria ser levado muito a sério por toda a população mundial também é assunto de descaso entre os cidadãos da capital gaúcha. E isso não é de hoje. Lá em março de 2012, o Jornal Correio do Povo publicava números desastrosos a respeito da pouca adesão à reciclagem do lixo em Porto Alegre. Naquela época grande parte da população ainda não apostava na ideia.
Assim, tínhamos 40% dos porto-alegrenses que não reciclavam seu lixo.
E como estão os números da reciclagem do lixo em 2021?
O problema é que nada mudou muito de 2012 para cá. Nem de 2015. Outra matéria a respeito do lixo reciclável em Porto Alegre foi publicada em outubro de 2021 na Gaúcha ZH. Desta vez, tivemos relatada a diminuição em um terço do volume de lixo reciclado. O índice dos gaúchos ainda é um dos melhores do Brasil, mas nada está perfeito.
Se, em 2012, tínhamos 8% de coleta seletiva, hoje temos apena 4%. Isso nos leva à metade do que reciclávamos há oito anos atrás. Temos, lamentavelmente, apenas 4,5% de reciclagem das mais de 1,1 mil toneladas de lixo recolhidas todos os dias das ruas da capital do Rio Grande do Sul.
Com esse cenário, Porto Alegre perde dinheiro e empregos. Além de gerar grande prejuízo ambiental. Parece exagero? Confira porque não. Essa aparente “crise do lixo” resulta na diminuição do trabalho nas unidades de triagem. Nestes centros já temos a redução de dias de trabalho e revezamento de trabalhadores. São 600 pessoas, e consequentemente suas famílias, que dependem deste trabalho para seu sustento.
Ora, será que custa muito colocar mais de uma cesta de lixo em casa e separar os secos? É tão complicado assim?
Faça a conta do lixo produzido na sua casa
Pense no tamanho do terreno para o descarte do lixo que só você ou sua família produz. É muita coisa! E estamos falando de somente um domicílio. Agora, some mentalmente as residências de Porto Alegre e imagine quanta terra, em termos de área mesmo, é perdida com este tipo de depósito.
Além disso, leve em conta que muitas famílias dependem do salário da separação do seu lixo para viver. Sendo assim, por favor, pelo bem e futuro de todas as crianças da Terra, comece a repensar no seu consumo. E mais, pense em como poupar a matéria-prima de cada produto.
Aí chegamos a um assunto muito importante. O começo da separação do lixo na sua casa.
Como separar o lixo em casa?
Ok. Você decidiu separar o lixo na sua casa. Mas como deve fazer isso? É bem simples. Basta usar três latas de lixo. Uma servirá para o lixo orgânico. A segunda, para o lixo reciclável. E a terceira para os rejeitos (tudo aquilo que não pode ser compostado, nem reciclado – veja exemplos nesta matéria.
Por fim, é só descobrir, no site da Prefeitura de sua cidade, quais os dias de coleta de cada tipo de lixo e pronto. Coloque o lixo certo no dia certo. Sem dor alguma.
Conheça o caminho do lixo reciclável
O site Recicla Porto Alegre nos mostra bem como é o caminho do lixo reciclável na capital gaúcha. Primeiro, o lixo é coletado nos domicílios. Ali são recolhidas 100 toneladas por dia de recicláveis. Depois, o lixo vai para as 17 unidades de triagem. Dali, segue separado para indústrias que reutilizam o material.
Mesmo assim, com coletas duas vezes por semana nas casas dos porto-alegrenses, 23% de lixo que poderia ser reciclado vai para os aterros sanitários. Ou seja, os cidadãos não separam esse lixo para ser reaproveitado. Esses 23% representam cerca 276 toneladas de recicláveis por dia. Ao invés de 1.200 toneladas de lixo por dia nos aterros, nós poderíamos ter 924 toneladas poluindo o meio ambiente. O que não é, por sua vez, tão pouco, não é mesmo?
Como funciona a triagem do lixo reciclável
Dito isso, mas afinal, como funciona a triagem do lixo nas usinas da cidade?
Conforme o site da prefeitura, 700 pessoas são empregadas neste sistema sustentável. Ou seja são 700 famílias vivendo da separação do lixo reciclável.
Estes trabalhadores separam o lixo de acordo com o tipo de material. Por exemplo: plástico colorido, plástico branco, aparas, papelão, papel, embalagens longa vida e vidros. Depois desta triagem, o material é prensado em fardos e é vendido para a indústria de reciclagem.
E o lixo orgânico?
O lixo orgânico pode ser compostado ou encaminhado ao aterro sanitário da cidade. Em Porto Alegre, há a coleta separada do lixo reciclável e do lixo domiciliar (o orgânico e os “rejeitos”). Além destes, os resíduos que não se enquadram nestas duas categorias podem ser encaminhados para pontos de entrega específicos.
Pense seriamente em montar sua composteira
Falando em lixo orgânico, sobre o qual temos uma matéria a respeito aqui no blog também, pense seriamente em implantar uma composteira no seu jardim. Claro que morando num apartamento, fica complicado. Mas temos muitas residências na cidade. O recado vai para estes moradores. Mesmo para aqueles que residem em casas com um minúsculo jardim.
Todos podem depositar seu lixo orgânico em uma lixeira separada. Dali, basta levar este lixo a sua composteira feita em casa ou mesmo comprada. Estes dejetos se transformarão em um belo húmus. Se você quiser ver como fazer a sua no bom estilo DIY, dê uma olhada nesta outra matéria onde mostramos a nossa.
Enfim, caros cidadãos, repensem seu lixo produzido e como separá-lo. Antes de qualquer coisa, não sujem o lixo reciclável. A natureza agradece.
Tipos de lixo e o que fazer com cada um deles
Mas, afinal, o que a prefeitura de Porto Alegre considera lixo orgânico, reciclável e “rejeito”?
O que são os resíduos orgânicos?
O lixo orgânico pode ser de origem animal ou vegetal. Por exemplo: carnes, ossos, frutas, cascas de ovos, sementes, borra de café ou chá, restos de vegetação, cinza, etc.
O que são os rejeitos?
Os rejeitos são aqueles materiais usados que não são reciclados ou por inviabilidade técnica ou financeira. Ou seja, as indústrias de Porto Alegre ainda não encontraram uma fórmula que faça valer a pena investir na reciclagem. Papel engordurado ou sujo, absorventes, lacres de iogurte ou outros, fraldas descartáveis, cotonetes, espuma, adesivos, tecidos sujos, cortiça, entre outros são exemplos de rejeitos.
O que é o lixo reciclável?
Os recicláveis são o plástico, o vidro, o metal e o papel limpos. Alguns exemplos de lixo reciclável são: cobre, canos de PVC, canos de metal, embalagens Tetra Pak, brinquedos, caixas, copos descartáveis, garrafas pet, latas, raio-x, isopor, plástico filme, bisnagas, clipes e borracha.
E como encaminhar da maneira correta cada tipo de lixo / resíduo em Porto Alegre?
A melhor maneira de lidar com o lixo orgânico é fazendo compostagem. Caso contrário o ideal é colocá-lo em caixas ou embalagens de papel ou sacolas biodegradáveis. Depois disso, existe a opção dos contêineres espalhados em alguns bairros de Porto Alegre (veja nessa matéria porque somos contra eles. Nos bairros onde não há contêineres, o lixo deve ser colocado em sacos de até 100 litros para coleta do caminhão em dias pré-estabelecidos.
Da mesma forma os rejeitos devem ser colocados em sacos de lixo para a coleta domiciliar.
Entretanto, já existem alguns projetos para aproveitamento de alguns destes rejeitos. Existem experiências de compostagem de papel higiênico, esponjas de louça, bitucas de cigarro e cacos de porcelana. Mas como destinar cada um destes rejeitos a endereços diferentes complica a organização da vida doméstica de qualquer cidadão, acaba se tornando uma opção um tanto inviável.
Por sua vez, os recicláveis podem ser colocados em sacos de lixo também de até 100 litros para a coleta seletiva domiciliar ou levados até Unidades de Destino Certo da Prefeitura. Lembre-se de retirar a maior quantidade possível de restos orgânicos das embalagens com o guardanapo usado durante a refeição ou aproveitando a água da lavagem da louça. Assim, peças mais limpas não se contaminam com outras mais sujas.
Não esqueça também de cuidar dos funcionários que coletam nosso lixo quase todos os dias. Eles merecem todo nosso respeito. O que seria de nós sem eles, não é mesmo? Por isso, coloque vidros ou outros objetos (que possam feri-los durante o manuseio do seu lixo) dentro de embalagens Tetra Pak, por exemplo, ou embale-os em papelão.
E o que fazer com móveis ou outros resíduos de grande quantidade ou maiores?
Primeiro, vamos ver quais são eles: móveis velhos, colchões, entulho e caliça, madeira, cerâmica, eletrodomésticos, sucata de ferro, tocos de árvores, pneus, etc. Ou seja, tudo o que não pode ser colocado para a coleta domiciliar, seletiva ou nos contêineres. Eles devem ser entregues às Unidades de Destino Certo, os Ecopontos. Existem locais que aceitam resíduos eletrônicos também. Uma simples busca na internet resolve seu problema.
O que não pode ser entregue nestas unidades: lâmpadas, remédios, pilhas e baterias. Saiba que aqueles estabelecimentos comerciais que vendem lâmpadas, baterias e pilhas devem ter um local adequado para a coleta destes materiais usados também.
Medicamentos fora da validade devem ser levados a farmácias que disponibilizarem a coleta destes.
E não esqueça de chamar o Mensageiro da Caridade para doar móveis ou outros objetos que não são mais úteis para vocês e sua família. Roupas, eletrodomésticos e outras utilidades também podem ser doados para asilos ou outras entidades de auxílio à população mais carente. Aproveite para ajudar os outros.
O que mais pode ser feito para a diminuição do lixo?
Finalmente, mas nem um pouco menos importante, além de todas as medidas citadas anteriormente, urgem também programas que invistam na educação dos cidadãos mirins. Como exemplo, poderíamos ter visitas das crianças e adolescentes às Unidades de Triagem do DMLU de Porto Alegre no currículo de escolas municipais e particulares. Um simples “passeio” como esse poderia influenciar a decisão destes cidadãos pelo resto de suas vidas.
Ainda mais importante é educar as instituições de ensino. Isso mesmo! Nós observamos uma escola particular de grande porte em um bairro nobre de Porto Alegre. Seus funcionários somente descartam o lixo nos dias de coleta do lixo orgânico. Nestes dias é facilmente identificável, nos diversos sacos de lixo de cerca de 200 litros que eles descartam a cada dois dias, o formato de caixas, copos descartáveis e muitos outros materiais de fácil reciclagem. Imagine quantos quilos de material reaproveitável desperdiçado!
Por isso, pais, cobrem também, das escolas de seus filhos, que tomem providências quanto à separação correta do lixo. Se elas mesmas não fazem o que é certo, o que mais de errado estarão ensinando para suas crianças?
Reciclar o lixo contribui com a preservação do meio ambiente. Por isso, para um mundo melhor, ensine seus filhos e separe o lixo da sua casa.
Fontes:
www2.portoalegre.rs.gov.br/
gauchazh.clicrbs.com.br